Testes da Sífilis – Como Interpretar os Resultados

Como interpretar os testes da sífilis é uma dúvida comum. Muitas pessoas também escrevem perguntando se o teste rápido da sífilis funciona, o que são testes treponêmicos e não treponêmicos, o que significa valores como 1/16 e 1/64, o que significa VDRL reagente, o que é resultado falso-positivo, o que significa cicatriz sorológica, qual a diferença entre VDRL e FTA Abs e várias outras questões.

Nesse artigo, você vai encontrar resposta para todas essas perguntas e entender quais testes são usados para diagnosticar a sífilis, como e quando eles devem ser utilizados e como interpretar seus possíveis resultados.

Vamos começar entendendo quais são os tipos de testes para detectar infecções de modo geral.

Tipos de testes para detectar infecções 

Normalmente, quando uma pessoa tem algum problema de saúde e procura um médico, o primeiro passo é a realização de testes.

Basicamente, existem duas categorias de testes:

Teste de triagem – Identifica indivíduos assintomáticos que podem ter a doença.

Uma pessoa, por exemplo, que teve relação desprotegida (transou sem camisinha) e não apresenta sintomas, mas acha que pode ter sido contaminada, realiza um teste de triagem.

Teste de diagnóstico – Utilizado para determinar a presença ou ausência de uma doença quando o indivíduo apresenta sinais ou sintomas da doença.

O teste diagnóstico é realizado após um teste de triagem positivo para estabelecer um diagnóstico definitivo.

Esses testes são utilizados para detectar doenças infecciosas.

Como as doenças infecciosas são causadas?

As doenças infecciosas são causadas por micro-organismos, tais como bactérias, vírus, fungos e parasitas que invadem o organismo.

Para defender o organismo contra o ataque de micro-organismos, o sistema imunológico produz vários tipos de células com diferentes funções. Essas células que protegem o organismo são chamadas de anticorpos (também conhecidas como imunoglobulinas).

Quando um micro-organismo consegue penetrar no organismo, o sistema imunológico identifica esse micro-organismo e aciona a produção de um anticorpo específico que vai combater aquele invasor.

Portanto, cada anticorpo é único, criado para um tipo específico (espécie) de micro-organismo.

Existem cinco classes diferentes de imunoglobulinas (anticorpos) (IgM, IgG, IgE, IgA e IgD). As três classes de imunoglobulinas investigadas com maior frequência em testes são IgM, IgG e IgE.

Os anticorpos IgM e IgG têm ação conjunta na proteção imediata e a longo prazo contra infecções. Os anticorpos IgE estão associados a alergias.

Existem testes que servem para identificar a presença de anticorpos no sangue. São os testes de anticorpos. Se uma pessoa tiver anticorpos contra um micro-organismo em particular, isso significa que a pessoa foi exposta àquele micro-organismo e produziu uma resposta imunológica.

Existem também, testes que identificam a presença de um micro-organismo diretamente. Esses testes são úteis para que o médico possa diagnosticar uma infecção rapidamente, sem esperar que a pessoa produza anticorpos em resposta ao micro-organismo.

Esses testes são chamados testes para antígenos. Antígeno é toda substância estranha ao organismo que desencadeia a produção de anticorpos.

Um exemplo desse tipo de teste é o que identifica a presença do HIV (o vírus que causa a AIDS).

Quais são os testes que identificam a sífilis?

Testes para Diagnóstico da Sífilis 

A sífilis é uma doença infecciosa: é uma infecção sexualmente transmissível causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum.

Existem dois tipos de testes para descobrir se uma pessoa tem sífilis.

Testes diretos – Exames de microscopia

São testes que detectam a presença da bactéria Treponema pallidum (bactéria causadora da sífilis) por meio do esfregaço diretamente na lesão, seja ela uma úlcera (sífilis primária) ou lesão de pele (sífilis secundária).

Testes sorológicos ou imunológicos

Testes sorológicos são testes que detectam os anticorpos (imunoglobulinas) que combatem a bactéria Treponema pallidum (por meio de testes sorológicos ou imunológicos).

Esses, são testes de sangue que detectam anticorpos que o organismo produz ao entrar em contato com o Treponema pallidum.

O tempo que leva para os anticorpos surgirem pode variar de pessoa para pessoa. Porém, na maioria dos casos, eles podem ser detectados a partir de dez dias após o aparecimento da lesão primária da sífilis (cancro duro).

Existem 2 tipos de testes sorológicos (ou imunológicos) para detectar a sífilis:

  • Testes não treponêmicos
  • Testes treponêmicos

Testes não treponêmicos ou não específicos 

São chamados não específicos pois detectam anticorpos que não são específicos para Treponema pallidum, porém estão presentes na sífilis. Isso quer dizer que esses testes não detectam apenas a bactéria da sífilis; além da bactéria  da sífilis, esses testes podem detectar a presença de outros micro-organismos.

Os testes não trepomênicos mais conhecidos são:

  • VDRL (Venereal Disease Research Laboratory)
  • RPR (Rapid Plasma Reagin)
  • USR (Unheated Serum Reagin)
  • TRUST (Toluidine Red Unheated Serum Test)
  • Imunoenzimáticos ELISA (Enzyme-Linked ImmunoSorbent Assay)

Esses testes podem ser qualitativos ou quantitativos.

Qualitativos – São utilizados como testes de triagem para determinar se uma amostra é reagente ou não.

Quantitativos – Quando o teste qualitativo tem como resultado REAGENTE, os testes quantitativos são utilizados para determinar o título dos anticorpos presentes nas amostras. TÍTULO quer dizer os valores que permitem estimar a quantidade desses anticorpos presentes na última diluição efetuada que ainda apresenta reatividade. O título é importante para o diagnóstico e o monitoramento da resposta ao tratamento. A gente vai falar sobre a diluição daqui a pouco.

Testes treponêmicos ou específicos 

Os testes treponêmicos são aqueles que detectam anticorpos específicos (geralmente IgM e IgG) contra componentes celulares dos Treponemas.

Os testes treponêmicos mais usados são:

  • FTA-Abs (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption) – Teste de imunofluorescência indireta. O FTA-Abs é o teste treponêmico mais utilizado. É o primeiro teste a positivar após a infecção pelo Triponem pallidum.
  • MHA-TP (Microhemagglutination assayTreponema pallidum) – Teste de hemaglutinação.
  • TPPA (Treponema pallidum Particle Agglutination Assay). Teste de aglutinação.
  • TPHA (Treponema pallidum Hemagglutination Assay). Teste de hemaglutinação.
  • ELISA (Enzyme-Linked ImmunoSorbent Assay) – Testes imunoenzimáticos.
  • PCR Testes moleculares.
  • EQL – (Electrochemiluminescence) – Teste imunológico com revelação quimioluminescente e suas derivações.
  • TR testes rápidos

Testes rápidos – Testes rápidos são todos os testes cuja execução, leitura e interpretação do resultado são feitas em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. A leitura dos resultados é feita a olho nu. Dependendo do fabricante, os testes rápidos para diagnóstico da sífilis podem ser feitos com amostras de sangue total, soro ou plasma.

Esses testes são apenas qualitativos.

Qual é a diferença fundamental entre os testes trepomênicos e os testes não trepomênicos?

Diferenças entre os testes não treponêmicos e os testes treponêmicos 

A diferença principal é que os testes não treponêmicos detectam anticorpos que não são específicos contra Treponema pallidum, e os testes treponêmicos detectam anticorpos específicos para antígenos de Treponema pallidum.

Como os testes não treponêmicos têm baixa especificidade, (quer dizer que não são específicos, não detectam somente o treponema pallidum), o resultado para a sífilis pode ser um falso-positivo devido à ocorrência de outras enfermidades que causam degeneração celular.

Esse resultado falso-positivo pode ser permanente ou transitório.

Situações que podem gerar resultados falso-positivos transitórios – • algumas infecções; • após vacinações; • uso concomitante de medicamentos; • após transfusões de hemoderivados; • na gravidez; • em idosos.

Situações que podem gerar resultados falso-positivos permanentes – • portadores de lúpus eritematoso sistêmico; •síndrome antifosfolipídica e em outras colagenoses; • hepatite crônica; • usuários de drogas ilícitas injetáveis; • na hanseníase; • na malária; • em idosos.

Por não serem específicos, os testes não treponêmicos apresentam mais resultados falso-positivos que os testes treponêmicos.

Outra diferença importante entres os testes treponêmicos e não treponêmicos é que os testes não treponêmicos têm sido mais utilizados por possuírem baixo custo e serem de fácil execução, tornando-se úteis para a triagem e acompanhamento da infecção. Já os treponêmicos são realizados para a confirmação da sífilis, apresentando maior especificidade.

Uma terceira diferença entre esses dois tipos de teste é o tempo que leva para eles se tornarem reativos (detectarem os anticorpos).

O VDRL, por exemplo, costuma ficar positivo entre 4 e 6 semanas após a contaminação. Geralmente, seus valores começam a subir uma a duas semanas após o aparecimento do cancro duro.

Os testes treponêmicos são os primeiros a positivar após a infecção. O FTA-Abs pode tornar-se reativo aproximadamente 3 semanas após a infecção.

Então, para quem acha que foi contaminado com a sífilis qual é o primeiro passo?

Diagnóstico da Sífilis – Etapas

Existem duas maneiras de diagnosticar a sífilis:

  • Através de testes imunológicos
  • Através do teste rápido

Testes imunológicos 

A maneira convencional de diagnosticar a sífilis é começando pelo teste de triagem e caso esse dê positivo, realizando o teste confirmatório.

O primeiro teste indicado é o teste não treponêmico (porque ele é mais barato e mais fácil de execução). Esses testes, como a gente viu, são menos específicos e podem ser qualitativos (resultado reagente/não reagente) ou quantitativos (resultado em forma de títulos).

Quando o primeiro teste (teste não treponêmico qualitativo) apresenta resultado REAGENTE, realiza-se um teste treponêmico (mais específico e qualitativo) que visa confirmar o diagnóstico.

Quando ambos os testes qualitativos apresentam resultado REAGENTE, realiza-se um teste não treponêmico quantitativo para definição dos títulos de anticorpos presentes na amostra. Esse teste quantitativo serve de base para o posterior monitoramento da eficácia do tratamento.

Para facilitar a compreensão do passo a passo para o diagnóstico da sífilis, a gente vai utilizar o fluxograma publicado pelo ministério da saúde.

O fluxograma a seguir, mostra a abordagem convencional para o diagnóstico de sífilis por testes imunológicos/sorológicos (não serve para o teste de esfregaço), na qual se emprega um teste não treponêmico como primeiro teste, seguido por um teste treponêmico (incluindo a possibilidade de ser um teste rápido) para a confirmação do diagnóstico.

O fluxograma emprega um teste não treponêmico como primeiro teste, seguido por um teste treponêmico para a confirmação do diagnóstico. Fonte: Ministério da Saúde

Como interpretar o fluxograma?

Segundo esse esquema, se o primeiro teste (teste de triagem) NÃO TREPONÊMICO QUALITATIVO (RPR ou VDRL) tem seu resultado como “Amostra não reagente para sífilis”, pode significar apenas que não há evidência de doença no momento do teste.

Os anticorpos podem não ser detectados por várias semanas após a exposição às bactérias. Se uma pessoa sabe que foi exposta ou se a suspeita de infecção permanece alta, pode ser necessário repetir o teste posteriormente.

Se o primeiro teste NÃO TREPONÊMICO QUALITATIVO (RPR ou VDRL) tem seu resultado como “Amostra reagente para sífilis”, é necessário realizar um segundo teste TREPONÊMICO FTA-Abs (QUALITATIVO). Esse exame é chamado “exame confirmatório”.

Se o teste TREPONÊMICO confirmatório tem seu resultado como “Amostra não reagente para sífilis”, pode significar que o teste RPR ou VDRL inicial foi falso-positivo. Mais testes e investigações podem ser feitos para determinar a causa do falso-positivo.

Se o teste TREPONÊMICO confirmatório tem seu resultado como “Amostra reagente para sífilis”, nesse caso deve-se realizar a quantificação dos anticorpos por meio de testes NÃO TREPONÊMICOS QUANTITATIVOS e incluir o título encontrado no laudo final.

*** É interessante notar que, todos esses testes são efetuados com a mesma amostra.

Teste rápido 

Quando a lesão causada pela sífilis é presente, pode-se realizar o teste rápido.

O teste rápido segue a mesma lógica do teste convencional. Porém, o teste de triagem inicia com um teste treponêmico.

Fonte: Ministério da Saúde

Como interpretar o fluxograma?

Se o primeiro teste TREPONÊMICO tem seu resultado como “Amostra não reagente para sífilis”, e se persistir a suspeita clínica de sífilis, deve-se repetir este fluxograma após 30 dias.

Se o primeiro teste TREPONÊMICO tem seu resultado como “Amostra reagente para sífilis”, deve-se realizar um segundo teste NÃO TREPONÊMICO. Esse exame é chamado “exame confirmatório”.

Se o teste NÃO TREPONÊMICO confirmatório tem seu resultado como “Amostra reagente para sífilis”, nesse caso deve-se realizar a quantificação dos anticorpos por meio de testes NÃO TREPONÊMICOS QUANTITATIVOS e incluir o título encontrado no laudo final.

Em amostras que apresentam resultados discordantes entre o teste rápido treponêmico (reagente) e o teste não treponêmico (não reagente), o resultado será definido como “Amostra com resultado indeterminado para sífilis”. Nesse caso, deve-se repetir o fluxograma em 30 dias.

Como e quando os testes de diagnóstico da sífilis são realizados?

Testes da Sífilis – Quando Realizar 

A escolha do teste depende diretamente do estágio da doença.

Fonte: Ministério da Saúde

Teste da sífilis primária 

Normalmente, se uma ferida de sífilis estiver presente, os testes mais utilizados são a pesquisa direta do Treponema pallidum.

Quer dizer, aqueles que são feitos com o esfregaço diretamente na lesão (no cancro duro) da área afetada (como o colo do útero, pênis, ânus ou garganta), mas também pode ser feito através da punção (quando existe a presença de linfonodos) e através do material recolhido durante uma biopsia.

Na ausência da ferida, o sangue é coletado de uma veia do braço para testar a presença de anticorpos. Como a gente já viu, os anticorpos começam a surgir na corrente sanguínea cerca de 10 dias após o surgimento do cancro duro. Por isso, no início da sífilis primária, os testes imunológicos podem apresentar não reatividade. Nessa fase, deve-se realizar preferencialmente testes treponêmicos para a detecção dos anticorpos.

Teste da sífilis secundária

Normalmente essa fase é caracterizada pelas lesões típicas na pele e mucosas. Essas lesões costumam ser bem visíveis e exuberantes e, às vezes, através de um exame visual o médico já reconhece como sendo lesões da sífilis.

Os testes para confirmar a presença da doença podem ser os testes diretos, quer dizer, aqueles por meio do esfregaço direto nas lesões ou os testes sorológicos treponêmicos e não treponêmicos.

Teste da sífilis latente

Nessa fase, podem ser feitos todos os testes que detectam anticorpos (os testes permanecem reagentes).

Teste da sífilis terciária 

Os testes que detectam anticorpos habitualmente são reagentes, principalmente os testes treponêmicos, e os títulos dos testes não treponêmicos tendem a ser baixos.

Na fase terciária, a sífilis atinge pele e órgãos internos. Então, além dos testes da sífilis é necessário a investigação dos órgãos nos quais haja suspeita da atividade do patógeno.

Se alguém apresentar suspeita de envolvimento cerebral (neurossífilis) por exemplo, o médico poderá solicitar uma punção lombar para verificar se há infecção no líquido cefalorraquidiano (LCR).

Se você quiser saber o que é, como se transmite, como é feito o diagnóstico e o tratamento da sífilis, dá uma olhada nesse artigo ou no vídeo sobre a sífilis lá no canal. Esse vídeo está bem explicadinho. 

Clique na imagem para assistir o vídeo no YouTube.

Testes da sífilis – Como Interpretar os Possíveis Resultados 

Para entender como interpretar o resultado dos exames que detectam a sífilis, vamos mostrar algumas perguntas que foram enviadas pelos seguidores do nosso canal no YouTube.

“Fiz o teste deu reagente 1:512 Tomei duas injeções de 2400 M alguma coisa lá Abaixou pra 1:16 levei ao médico e ele disse que estou curado… Preciso tomar mais uma injeção??”

“Fiz o VDRL após 120 dias de uma exposição, resultado não reagente. Preciso refazer o teste?”

“Olá, sou reagente fiz o VRDL a primeira vez deu 1:32. Porém não fiz o tratamento com bezetacil e sim com um antibiotico de 12/12 horas. Tratei tudo certinho fiz o VRDL deu ñ reagente. Conclusão fiz o teste novamente, e deu (Reagente 1:10) e do outro lado venho escrito dilatado ( 1:10 não reagente) Pode me explicar?”

“Estou grávida fiz o tratamento aí deu 1.16 e repeti depois deu 1.64 estou desesperada ainda.”

“Oi. quando chega no terceiro teste da sifilis ..e da 1/16 pq o medico nao passa as injecaoes pra toma , msm que ja feis o tratamento as duas vezes ai chega no terceiro teste e consta que ta ainda cm a doenca…explica por favor.”

“Fiz o tratamento da sífilis porém tenho dúvidas eu fiz quatro VDRL o primeiro VDRL veio 1:64 o último VDRL veio 1:16 não entendi porque o meu médico suspendeu as injeções Benzotacil eu tomei apenas uma única dose de Benzotacil por gentileza preciso de ajuda estou triste muito triste 😢😢.”

A gente observa que uma das dúvidas que mais aparece nas perguntas é em relação aos termos “reagente” e “não reagente”. Esse é o primeiro dado que a gente pode interpretar.

O que significam os termos reagente e não reagente?

Testes da sífilis – Resultado reagente X não reagente 

Nos exames sorológicos, o termo ”reagente” significa positivo ou presente, enquanto que ”não reagente” significa negativo ou ausente.

Para facilitar a interpretação, vamos transformar as combinações dos possíveis resultados REAGENTE X NÃO REAGENTE para a sífilis em uma tabela.

Se a gente voltar lá nas perguntas, a gente observa que outro tipo de dúvida que aparece bastante é em relação aos valores.

“Fiz o teste deu reagente 1:512 Tomei duas injeções de 2400 M alguma coisa lá Abaixou pra 1:16 levei ao médico e ele disse que estou curado… Preciso tomar mais uma injeção??”

“Fiz o VDRL após 120 dias de uma exposição, resultado não reagente. Preciso refazer o teste?”

“Olá, sou reagente fiz o VRDL a primeira vez deu 1:32. Porém não fiz o tratamento com bezetacil e sim com um antibiotico de 12/12 horas. Tratei tudo certinho fiz o VRDL deu ñ reagente. Conclusão fiz o teste novamente, e deu (Reagente 1:10) e do outro lado venho escrito dilatado ( 1:10 não reagente) Pode me explicar?”

“Estou grávida fiz o tratamento aí deu 1.16 e repeti depois deu 1.64 estou desesperada ainda.”

“Oi. quando chega no terceiro teste da sifilis ..e da 1/16 pq o medico nao passa as injecaoes pra toma , msm que ja feis o tratamento as duas vezes ai chega no terceiro teste e consta que ta ainda cm a doenca…explica por favor.”

“Fiz o tratamento da sífilis porém tenho dúvidas eu fiz quatro VDRL o primeiro VDRL veio 1:64 o último VDRL veio 1:16 não entendi porque o meu médico suspendeu as injeções Benzotacil eu tomei apenas uma única dose de Benzotacil por gentileza preciso de ajuda estou triste muito triste 😢😢.”

O que significam esses números?

Testes da sífilis – Interpretação dos títulos 

Esses valores são os títulos. São o resultado do teste não treponêmico quantitativo.

Como a gente já viu, esses valores são importantes para o diagnóstico e para o monitoramento da resposta ao tratamento.

O VDRL é o teste mais simples e mais utilizado como rastreio da sífilis. O resultado do VDRL QUANTITATIVO é dado em formas de diluição, ou seja, um resultado 1/8 (1:8) significa que o anticorpo foi identificado até 8 diluições; um resultado 1/64 mostra que podemos detectar anticorpos mesmo após diluirmos o sangue 64 vezes.

Os títulos significam que quanto maior for a diluição em que ainda se detecta o anticorpo, mais positivo é o resultado.

Vale relembrar que, o VDRL costuma ficar positivo entre 4 e 6 semanas após a contaminação. Geralmente, seus valores começam a subir uma a duas semanas após o aparecimento do cancro duro. Portanto, se o teste for feito precocemente, um ou dois dias após o aparecimento da lesão da sífilis, o resultado pode dar falso negativo.

Para quem não sabe, falso-negativo é quando o exame diagnóstico tem resultado não reagente, mas a pessoa está doente e o falso-positivo é quando o exame diagnóstico tem resultado reagente, mas a pessoa na verdade não tem a doença.

Quando o VDRL pode dar falso-positivo?

Resultado falso-positivo 

Como a gente já falou, os testes não treponêmicos, por não serem específicos, podem dar como resultado falso- positivo. Casos de falso-positivo costumam ocorrer em pacientes com mais de 70 anos, usuários de drogas injetáveis e em várias outras doenças que não seja a sífilis, como lúpus, doenças do fígado, mononucleose, hanseníase, catapora, artrite reumatoide etc.

Outro fator que é importante saber, é que geralmente, resultados falso-positivos apresentam títulos abaixo de 1/8, mas títulos de até 1/256 (título muito alto) já foram descritos em pacientes sem sífilis.

Por outro lado, é perfeitamente possível que um paciente contaminado tenha títulos de VDRL baixos.

Isso quer dizer, que podemos encontrar títulos altos em pacientes sem sífilis e títulos baixos em pacientes com sífilis. Por isso, todo resultado positivo deve ser confirmado com testes treponêmicos.

Vamos ver como podem ser interpretados os seguintes resultados quantitativos e qualitativos.

Testes da sífilis – Como interpretar resultados quantitativos e qualitativos 

Na tabela acima, vimos aparecer o termo “cicatriz sorológica”. O que significa esse termo?

Cicatriz sorológica 

O termo, cicatriz sorológica é utilizado para situações nas quais a pessoa, comprovadamente tratada, ainda apresenta reatividade nos testes.

Nesses casos, os testes treponêmicos tendem a ser reagentes e os testes não treponêmicos quantitativos apresentam baixos títulos.

Mas atenção!

Nem sempre títulos baixos significam cicatriz sorológica ou como reação falso-positivo.

A sífilis não confere imunidade permanente. Então, uma pessoa pode se recontaminar a cada vez que ela for exposta ao Treponema Pallidum. A cada vez que a pessoa tiver relação sexual desprotegida, ela está correndo o risco de se contaminar.

Normalmente, no início de cada infecção, os títulos (resultados) são baixos. Então, se o VDRL for por exemplo 1:4 e o FTA- Abs for reagente, não significa necessariamente uma cicatriz sorológica. Pode significar também que a pessoa se recontaminou e está no início de uma nova infecção.

Só é possível determinar que se trata de uma cicatriz sorológica quando for comprovado que a pessoa teve sífilis e realizou o tratamento completo.

Ainda existe um terceiro tipo de dúvida em relação à interpretação do resultado do exame.

Vamos ver agora uma pergunta enviada:

“Ano passado (em Julho) fui diagnosticado com sífilis. Fiz o tratamento (em Agosto) certinho, 6 doses uma vez por semana; uma em cada lado. No entanto, na última dose, atrasei apenas um dia. Esse ano, fiz o exame novamente, o LDVR, deu 1/2. Fui ao posto de saúde e o clínico me recomendou vários e exames, inclusive esse mesmo e o treponêmicoigg. Nesse novo resultado, o LDVR deu não reagente, mas o treponêmico deu reagente. Voltei ao clínico (foi impossível consultar com o mesmo médico da consulta anterior). Entretanto, o novo não me passou segurança nenhuma de qual é o resultado. Minha amiga enfermeira disse que esse último resultado ainda não representa cura, que deverei fazer novamente os mesmos exames mais o treponêmicoIGM.”

Nessa mensagem aparecem dois novos termos: IgG e IgM.

O que significam os termos IgG e IgM?

Testes da sífilis – Como interpretar os termos IgG e IgM 

Como a gente já viu, os anticorpos são proteínas (imunoglobulinas) que protegem o organismo contra os antígenos (agentes invasores: vírus, bactérias etc.).

Para cada antígeno reconhecido há, pelo menos, um anticorpo específico para combatê-lo. Dessa forma, no decorrer da vida, uma diversidade dessas proteínas é formada.

A gente também já viu que existem cinco classes diferentes de imunoglobulinas (anticorpos) (IgM, IgG, IgE, IgA e IgD).

O que significa IgM e IgG ?

IgG significa Imunoglobina G e IgM Imunoglobulina M.

De modo geral, as imunoglobinas da classe “M” podem ser vistas na fase inicial da doença.

As da classe “G”, por outro lado, indicam que já faz algum tempo que o corpo foi infectado e que, possivelmente, foi desenvolvida uma imunidade contra o agente causador da enfermidade.

Nos exames sorológicos que identificam a presença de determinados anticorpos no sangue aparecem sempre as denominações IgG e IgM.

O IgM é o primeiro anticorpo a ser produzido quando o organismo entra em contato com um patógeno sendo considerado um marcador de fase aguda da infecção (infecção atual ou recente).

IgM+ a pessoa já foi exposta e está na fase ativa da doença havendo a possibilidade de o micro-organismo estar circulando no paciente naquele momento.

O IgG é produzido um pouco mais tardiamente, mas ainda na fase aguda da infecção, porém é produzido de acordo com o microrganismo invasor, sendo considerado mais específico, além de permanecer circulante no sangue, protegendo a pessoa contra possíveis infecções futuras pelo mesmo microrganismo.

IgG+ pode indicar que a pessoa está na fase crônica e/ou convalescente ou já teve contato com a doença em algum momento da vida portanto, para algumas doenças, esses anticorpos funcionam como uma proteção em caso de novo contato com o micro-organismo.

A presença dessas imunoglobulinas no sangue marca que a pessoa já teve contato com o patógeno causador da doença em algum momento da vida (ou contraindo a doença ou por meio de vacinação). Depois desse contato o sistema imunológico cria uma memória que fica presente para o resto da vida.

Vamos ver então, as possíveis interpretações quando o resultado apresenta os termos IgM e IgG.

Agora, a gente pode tentar interpretar o resultado da última pergunta:

“Ano passado (em Julho) fui diagnosticado com sífilis. Fiz o tratamento (em Agosto) certinho, 6 doses uma vez por semana; uma em cada lado. No entanto, na última dose, atrasei apenas um dia. Esse ano, fiz o exame novamente, o LDVR, deu 1/2. Fui ao posto de saúde e o clínico me recomendou vários e exames, inclusive esse mesmo e o treponêmicoigg. Nesse novo resultado, o LDVR deu não reagente, mas o treponêmico deu reagente. Voltei ao clínico (foi impossível consultar com o mesmo médico da consulta anterior). Entretanto, o novo não me passou segurança nenhuma de qual é o resultado. Minha amiga enfermeira disse que esse último resultado ainda não representa cura, que deverei fazer novamente os mesmos exames mais o treponêmicoIGM.

Nessa pergunta observamos os seguintes termos e valores:

  • VDRL/não reagente – Trepomênico IgG/reagente
  • VDRL 1:2

Podemos utilizar as tabelas vistas anteriormente para interpretar os termos ”reagente” e ”não reagente” assim como os valores apresentados na pergunta enviada. 

Analisando as tabelas, pode-se dizer que o resultado do exame indica que a pessoa foi tratada e curada.

E porque a enfermeira recomendou fazer novamente os exames e o IgM?

Porque o IgM indica infecção recente. Se esse resultado voltar a subir (acima de 1:16) a pessoa precisa continuar o tratamento. Se continuar baixo, mesmo que o IgG continue dando reagente, a pessoa pode ser considerada curada.

Sempre lembrando que a sífilis não confere imunidade.

Então o VDRL não reagente e o teste treponêmico reagente também pode indicar sífilis primária.

Isso quer dizer que, a pessoa pode se contaminar com a sífilis toda vez que entrar em contato com a bactéria. E isso também quer dizer que a pessoa pode se contaminar com a sífilis a cada vez que tiver uma relação sexual desprotegida. Mesmo que ela já tenha tido sífilis antes, que já tenha feito o tratamento e que já tenha sido curada.

E como é que a pessoa sabe que está curada?

Indicações para o monitoramento da resposta ao tratamento da sífilis 

É indicação de sucesso de tratamento quando ocorre a diminuição de dois títulos a partir de 3 meses após a conclusão do tratamento. Por exemplo, o título da amostra era de 1:64 e cai para 1:16 no exame de controle pôs tratamento.  *** Título a 1:16, o paciente é considerado curado.

A persistência de resultados reagentes com títulos baixos (1:1 – 1:4) durante um ano após o tratamento, descartada nova exposição ao risco durante o período analisado, indica sucesso do tratamento. *** Pode representar cura ou nova infecção.

A sorologia, quando se apresenta repetidamente em títulos baixos em pacientes corretamente tratados, não tem significado clínico e devem ser considerados curados.

A persistência de títulos baixos denomina-se cicatriz ou memória sorológica e pode durar anos ou a vida toda.

Caso ocorra uma elevação de dois títulos ou mais (por exemplo, de 1:16 para 1:64), deve-se considerar a possibilidade de reinfecção, reativação da infecção ou tratamento inadequado. Nesses casos deve ser feito um novo tratamento.

A possibilidade de reinfecção deve ser considerada quando um paciente previamente tratado apresentar no teste não treponêmico o aumento de dois ou mais títulos, quando comparado com os resultados dos testes anteriores. Por exemplo, quando título de 1:4 estabilizado pós-tratamento sobe para 1: 16 no exame de controle.

A possibilidade da completa negativação dos testes imunológicos é diretamente proporcional a precocidade do diagnóstico e do tratamento.

Quanto mais precocemente a sífilis for diagnosticada, maior será a possibilidade de o corpo ainda não ter produzido quantidades suficientes de anticorpos para serem detectados por testes imunológicos (soroconversão), ou seja, os resultados desses testes não serão reagentes, embora seja sífilis. *** Falso negativo

Janela imunológica – É o intervalo de tempo decorrido entre o contato com o micro-organismo até a primeira detecção do antígeno ou do anticorpo produzido pelo sistema imunológico. Para o diagnóstico da sífilis, deve-se aguardar um intervalo de 4 a 6 semanas (após a contaminação) para a realização dos testes não treponêmicos e pelo menos 3 semanas (após a contaminação) para a realização do teste treponêmico FTA-Abs.

Quanto mais tardio for o tratamento, maior será a possibilidade de o resultado do teste permanecer reagente para sempre, porém os títulos encontrados serão títulos baixos (entre 1:2 a 1:4) nos testes não treponêmicos, e reatividade nos testes treponêmicos. Esses resultados podem permanecer estabilizados pelo resto da vida, sem que isso indique a necessidade de retratamento.

Quanto mais precoce for o tratamento após a infecção, mais rapidamente haverá desaparecimento dos anticorpos circulantes, com a consequente negativação dos testes não treponêmicos ou sua estabilização em títulos baixos.

Após o tratamento, pode ocorrer a negativação dos testes não treponêmicos, entretanto a negativação dos testes treponêmicos é rara. *** Os testes treponêmicos terão sempre resultado reagente.

Para a maioria dos pacientes tratados, espera-se que os testes tornem-se não reagentes entre 6 a 30 meses (mais ou menos 6 meses).

Os testes treponêmicos não devem ser utilizados para o monitoramento da resposta ao tratamento. Esses testes não permitem que seja feita titulação e, em alguns casos, é esperado que permanecem reagentes por toda a vida do indivíduo, sem, contudo, indicar falha do tratamento.

Somente os testes não treponêmicos quantitativos são indicados para avaliar a eficácia do tratamento da sífilis.

Para o seguimento do paciente, os testes não treponêmicos devem ser realizados mensalmente nas gestantes, e na população geral, a cada três meses no primeiro ano e a cada seis meses no segundo ano.

É de extrema importância saber que é recomendável a utilização do mesmo teste que foi utilizado no diagnóstico inicial para que possa haver a correta comparação dos títulos obtidos e, se possível, que ele tenha seu resultado lido pelo mesmo profissional que leu o primeiro teste.

Isso porque, os testes não treponêmicos (VDRL e RPR por exemplo) possuem especificidade e sensibilidade semelhantes, mas podem apresentar reatividade diferente frente a uma mesma amostra.

Dessa forma, se uma mesma amostra for testada com testes de fabricantes diferentes o resultado pode apresentar variações no título.

Se o primeiro teste foi realizado foi o VDRL, é aconselhável que todos os testes seguintes sejam por meio do VDRL.

*** Essas indicações foram publicadas pelo Ministério da saúde.

Esse artigo foi escrito para responder à diversas perguntas relacionadas com a interpretação dos testes da sífilis.

Se você acha que esse artigo pode ser útil para alguém que você conheça, não hesite em compartilhá-lo!

Eu espero você no próximo artigo.

Cuide-se bem e até a próxima!

SANDRA O

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