Nesse artigo, você vai encontrar algumas noções bem básicas sobre a cultura e a religião de uma das civilizações mais antigas do mundo. Você também vai conhecer o Papiro de Turim, um documento erótico deixado pela fascinante civilização egípcia.
Porém, para entendermos melhor a sexualidade de uma civilização, é fundamental conhecer a sua cultura e religião.
Então, vamos lá!
Origem da civilização egípcia
A civilização egípcia antiga originou-se por volta de 3150 a.C. no nordeste da África, nas margens do rio Nilo, a partir da unificação política do Alto e do Baixo Egito sob o reinado de Menés I, o primeiro faraó.
Essa civilização desenvolveu-se por 3000 anos e passou por períodos intercalados de crescimento econômico e de conflitos, quando finalmente em 32 a.C. a invasão romana marcou o fim da civilização egípcia antiga como civilização livre.
Religião no Egito antigo
Os Egípcios antigos praticavam o politeísmo (culto a vários deuses). Alguns animais como o gato, o cachorro, o crocodilo e o touro, por exemplo eram considerados como deuses. Assim, existiam deuses com formato de animal, deuses com o corpo de homem e cabeça de animal e deuses com formato humano.
Na imagem ao lado, SEKHMET deusa da guerra e da cura.
Liderando e protegendo os faraós durante a guerra, Sekhmet, a filha de Rá, é retratada como uma leoa e é conhecida por seu caráter feroz. Ela também é conhecida como Poderosa e é capaz de destruir os inimigos de seus aliados.
Os egípcios também adoravam as forças da natureza como rio Nilo, o sol, a lua e o vento. Alguns deuses eram adorados por toda a população egípcia e outros eram adorados numa única região.
O Egito antigo era teocrático. Isso quer dizer que os administradores governavam em nome dos deuses. O faraó, por ser considerado como descendente divino e o intermediário entre os deuses e os homens, era o governante mais poderoso.
Ele assumia as funções de chefe religioso, de juiz, de chefe do exército e chefe político. O faraó exercia seu poder delegando a execução de suas decisões aos seus cortesãos, funcionários e conselheiros.
Abaixo do faraó, vinham os sacerdotes (grupo social privilegiado), os membros da nobreza (membros da família do faraó, líderes do exército e altos funcionários do governo), os escribas e os comerciantes que também tinham um certo privilégio. A classe menos privilegiada era composta pelos soldados, camponeses e artesãos.
Sexualidade no Egito antigo
Ao contrário do que muitos pensam, os egípcios antigos não eram promíscuos. Nas classes mais pobres, o adultério e o incesto eram muito malvistos. Nas classes mais ricas, no entanto, os homens poderiam ter uma esposa e várias amantes.
Segundo alguns historiadores, Ramsés II teria tido aproximadamente 160 filhos. Para proteger a linhagem da família, os ricos e os membros da família real aceitavam e praticavam o incesto. Assim, era comum um pai casar-se com a filha, um irmão com uma irmã e até mesmo um avô com a neta.
Após a morte de seu pai Ptolomeu XII, Cleópatra, que tinha 17 anos, casou-se com seu irmão de 14 anos para legitimar o seu trono. Mais tarde ela casou-se com outro irmão de 10 anos pela mesma razão.
O homossexualismo, por sua vez, não era necessariamente condenado, mas a pederastia passiva era vista como falta de virilidade.
Os egípcios antigos eram sensuais. As mulheres usavam roupas transparentes e vestidos colados ao corpo e os homens viviam semi-nus.
Para os egípcios, alguns objetos tinham uma conotação erótica: bijuterias, perucas, maquiagens, espelhos, pincéis, alguns instrumentos musicais, a flor de lótus e até mesmo alguns animais, como o macaco por exemplo.
Alguns gestos também tinham significado erótico: oferecer um colar, do tipo daquele que a deusa Hathor usava, a um homem significava um convite ao… O erotismo também estava presente nas pinturas, nas esculturas e, através de metáforas, nas poesias.
No Egito antigo, o sexo não era praticado apenas para dar prazer. Ele era praticado como um ato divino, para dar origem à vida e estava diretamente ligado à fertilidade.
O sexo dos deuses
Os deuses praticavam o sexo para criar outros deuses e todos os seres vivos. Características como a dualidade, o hermafroditismo, a bissexualidade e a masturbação estão presentes na sexualidade de várias divindades do Egito antigo.
A sexualidade dos deuses e a mitologia egípcia
Segundo a mitologia egípcia, Atun praticando o ato da masturbação engole e depois cospe o próprio sêmen criando assim os deuses Shu e Tefnut. Do ato sexual entre Shu e Tefnut nasceram Geb e Nut.
Uma outra passagem da mitologia envolvendo atos sexuais entre os deuses egípcios diz respeito aos irmãos Osíris, Ísis, Seth e Néftis. Segundo consta, Osíris (eleito rei da terra) e Ísis casaram-se e conceberam Hórus, enquanto Seth casou-se com Néftis.
Após a morte de Osíris, Hórus e Seth lutavam pelo trono do Egito. Um dia, Seth convida Hórus a ir à sua casa para fazerem as pazes. Ao anoitecer, Seth e Hórus deitam-se juntos. De noite Seth fica com o pênis ereto e penetra-o nas coxas de Hórus. Então, Hórus põe suas mãos entre as coxas e colhe o esperma de Seth.
Em seguida, Hórus conta o acontecido à sua mãe Ísis. O ato sexual entre dois seres do mesmo sexo não era considerado como repugnante para aquele que fez o papel do macho, mas aquele que foi penetrado e que recebeu o sêmen, não poderia governar o Egito, pois só homens poderiam governar o Egito.
Assim, Ísis corta a mão de Hórus e lança-a na água e então faz nova mão para ele. Em seguida, ela recolhe o esperma de Hórus e esparge o esperma na alface que Seth comeria.
No tribunal, Seth alega que agiu como macho para Hórus e que esse não poderia ascender ao trono. Hórus pede então ao deus Toth para verificar de onde responderiam os sêmens de Hórus e de Seth.
O sêmen de Seth respondeu das águas enquanto o do Hórus respondeu de dentro da barriga de Seth.
Deuses e faraós
A mitologia egípcia mostra que o ato sexual era de uma extrema importância na vida dos deuses do Egito antigo.
Assim, como os deuses se casavam e tinham relações sexuais com os seus primogênitos, os faraós faziam o mesmo para garantir, através do ato sexual, a sucessão e a perpetuação da família no comando do Egito.
Por isso, são encontrados nas paredes das tumbas, dos palácios e em papiros, desenhos que, considerados por nós como eróticos, retratam a relação que essa civilização tinha com o sexo.
A arte erótica egípcia e o Papiro de Turim
A arte erótica egípcia está representada no famoso Papiro de Turim. O Papiro de Turim, de 3000 anos, é um documento egípcio erótico encontrado no Vale dos Reis à Deir el-Medineh, em 1820.
O documento, que infelizmente não se encontra em perfeito estado de conservação, foi decifrado em 1822 graças à Jean-François Champollion, um egiptólogo francês. Segundo o especialista, o documento contém uma parte satírica e outra parte erótica.
A parte erótica é composta de uma sequência de doze cenas envolvendo uma orgia entre homens e mulheres que se passa provavelmente em um prostíbulo.
Por causa de seu conteúdo erótico, o documento foi guardado no museu Egizio de Turin e somente em 1971 ele foi publicado por Joseph Omlin, físico e doutor em egiptologia na universidade de Heidelberg.
Como o papiro se encontra em um estado de deterioração muito avançado, o arqueólogo italiano Ippolito Rossellini reproduziu o famoso documento, que resultou nas figuras que contemplamos abaixo, um verdadeiro kama Sutra egípcio.
Eu espero que você tenha gostado do artigo e aprendido um pouquinho sobre a sexualidade e a arte dessa cultura fascinante!
Eu espero ver você nos próximos artigos e lá no canal! Por isso, cuide-se bem e até a próxima!